Uma piada de muito mal gosto, mas o pior é que estou começando a achar que gostei. Comprei ele por R$ 6.079 em 24x no Samsung VIP. Ainda que alguns sites dessem a entender que bastaria comprar durante a pré-venda para receber o Buds3, como não comprei pelo link específico do combo, recebi apenas o notebook.
Devido à política de preços da Samsung no Brasil, a maioria meus últimos notebooks foram da marca, mas há muito tempo nenhum foi capaz de me deixar tão empolgado quanto o Galaxy Book4 Edge, a ponto pensar em relevar as más escolhas e implementações da Samsung.
Tudo começa mal no unboxing. Rasgando o saco de transporte, vemos a caixa de papelão padrão dos notes da Samsung, e só (pelo preço, achei que eles valorizariam mais com produto com uma segunda caixa customizada). Dentro dela, além do notebook temos o carregador de 65W, cabo USB-C e alguns papéis.
Falando do design, ele é um pouco mais “charmoso” que a linha básica do Galaxy Book4 – mais fino, com mais curvas e com uma cor prata azulada que me agradou bastante. A tampa é um pouco mais escura e marca com mais facilidade.
Do lado ruim fica o material que é realmente difícil alguém me convencer que não é plástico, o peso de 1.5Kg, longe dos levíssimos Galaxy Book Pro, e também não é exatamente compacto com 35.66 x 22.98 x 1.5 cm.
Chegando na tela, começa meu gosto pelo esquisito. Ela consegue se afastar de todas as formas do que se esperaria de um note lançado por R$ 8.499. Resolução Full, IPS, fosca/antirreflexo, brilho máximo limitado a 300nits e taxa de atualização de 60Hz, mas o resultado realmente me agradou muito, e nem mesmo a baixa resolução, que costuma me incomodar, foi um problema.
Ela apenas reflete um pouco mais do que eu gostaria (nada comparado aos modelos com tela AMOLED, um ajuste no ângulo da tela costuma resolver nesse caso) e em jogos é possível notar que o contraste também deixa um pouco a desejar.
O teclado também tem tonalidade mais clara (cinza escuro azulado), sensibilidade e resposta ao toque excelentes, mas me espantei ao ver que não é retro iluminado. O que pode ser uma boa notícia para alguns, contrariando as várias matérias que li durante seu anúncio no Brasil, é o padrão ABNT com a tecla Ç. Outro pequeno mas bem vindo detalhe é a tecla dedicada para o print screen.
O touchpad é bem amplo, tem boa resposta, sensibilidade e precisão nos gestos multitoque. Por fim temos o leitor de impressões integrado ao teclado, que conseguiu uma façanha no mundo do Windows – até agora zero falhas (já nem esperava que fosse possível).
O áudio, se une à caixa completando o pacote de absurdos. O som no Windows é historicamente ruim, mas esse eu achei ainda mais baixo. Pra piorar, nenhum dos softwares para amplificar o volume funcionaram no Book4 Edge (consegui instalar e executar o Sound Booster e FXSound, mas não funcionam). Enquanto não encontro uma solução, tenho contornado com o Buds3 Pro.
Agora vamos aos pontos que vão deixar as coisas mais interessantes, começando pelo desempenho. Comparando com outros modelos padrão office, o Galaxy Book4 Edge apresentou nítida vantagem em fluidez, estabilidade, aquecimento e autonomia; pra completar esse pacote mal é possível ouvir os coolers funcionando.
O que fechou esse pacote campeão foi conseguir quebrar um galho com jogos. Com ajustes mais modestos, joguei Resident Evil 2 e Shadow of Tomb Raider com excelente desempenho e fluidez. Ambos rodaram sem problemas com o note em modo silencioso e em economia de bateria, mesmo assim o aquecimento foi bem modesto e não houve grande impacto na autonomia.
Refletindo a experiência acima na duração da bateria, seus 70Wh aliados às especificações um tanto modestas (tela, processador e tudo mais), O Galaxy Book4 Edge 15.6 é capaz de atingir uma autonomia próxima do que considero ideal. Em uso misto (navegador, excel, instalações/desistalações, e um pouquinho de jogos), cheguei a 15hs de uso em cerca de 36hs longe da tomada (nunca desligando, sempre deixando em standby), atingindo a marca do MacBook Air de 15″.
A conectividade é bem completa, incluindo 2 USB-C, USB-A, HDMI e leitor MicroSD (única forma de aumentar o armazenamento “interno” do Galaxy Book4 Edge 15″, já que ele não permite troca do SSD (que na verdade é uma unidade eUFS). Sem fio, temos Bluetooth 5.3 e Wi-Fi 7, que tem mantido velocidade e estabilidade muito boas.
Em relação ao sistema, a Samsung carrega demais o note para garantir a “experiência Galaxy”. Muitos desses recursos são realmente úteis para quem usa o ecossistema Galaxy, mas outros sugiro desinstalar antes de começar a usar o note. O único detalhe é que notei que, diferente da maioria dos outros Galaxy Book, com o Book4 Edge você praticamente não percebe esse peso extra.
É difícil concluir que valha a pena a compra, afinal é muita grana para um note com tela LED de baixa resolução, teclado não iluminado, som muito baixo e acabamento, digamos, menos premium. Por outro lado, dentro de todo universo que já testei no Windows, também é difícil não exaltar um note que pode passar de 15h de autonomia na prática, é extremamente, estável e fluido, não esquenta e é capaz de rodar games com mais facilidade que os modelos com Intel e MX570.
Enfim, mesmo ciente de todos os pontos negativos, os pontos positivos do Galaxy Book4 Edge 15.6 foram capazes de oferecer um diferencial capaz de me cativar, tanto que estou considerando seriamente ficar com ele como notebook principal.